ESCONDERIJO

Do escuro profundo
Da minh' alma de mulher
Surge, tímida, uma criança
Inocente, sem culpas,
Esperançosa, cheia de sonhos
E no alçar de seus sonhos infantis
Uma senhora, a toma pela mão
Fazendo pousar, seus pequeninos pés, no chão
À beira do abismo do tempo
Posso ver em momentos obscuros
O passar lento de dias mudos e iguais

Mas um colorido absurdo, 
Nos olhos da menina,
Teima em quebrar o cadeado
Do baú guardado, das lembranças

O tic-tac do envelhecer
Acompanha os meus passos
Cobrando tudo que sonhei em ser

Tudo que um dia foi desenhado
Por mão pequeninas e de traços incertos
Foi aos poucos sendo apagado
Por mãos frias e cheias de convicção

A melhor parte do caminho 
Pode ser caminhar
Mas é difícil saber, as vezes, 
Em qual ponto da estrada
A menina se esconde

Onde a menina se escondeu?

Esse esconderijo 
Dá espaço à senhora que habita
O meu peito de mulher...


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