Pela Metade
Devo declarar que entre mortos e feridos
Devo declarar que entre mortos e feridos
Recolho aos poucos os meus cacos mais bandidos
Aqueles que provocam cortes profundos e perigosos
Eu pensava ter o mundo e nem lembrava do futuro
Mas a porta logo adiante, sorrateiramente inebriante
Se abriu, desnudando todo o impossível
Mostrando-me um mundo que eu queria sem saber
Eu pensei em recuar e não lembro bem se o fiz
Porque a vida não me exigia nada
Eu tive que abrir mão de tudo
Penso nas coisas mais ou menos
E me recordo de não querer a metade
Olho nos olhos enigmaticos da minha sorte confusa
Não sei se ganhei ou perdi
Lembro das coisas mais ou menos que vivi
Será que já me arrependi?
Todo mundo diz o que é certo, porque todo mundo quer acertar
Mas eu digo que errei porque tive a coragem de tentar
Me encaro tão estranha num espelho pragmático
Mas não vejo nem a sombra do meu mundo
Imagino que caio lentamente no vazio infinito
De não ter encontrado as respostas para as perguntas que esqueci
Sim, já é tempo de desistir e eu insisto
Já é tempo de insistir e eu desisto
O que é seu, ás vezes, não faz sentido algum pra mim
Só me deixe quieta por aqui
Eu não tenho obrigação de sorrir
Eu não tenho obrigação de dizer que esqueci
Não quero me enganar que não sofri
Não vou declarar que não chorei
Não pretendo encarar a vida assim
Eu tenho fraquezas e nem sempre sou forte
Eu fico sozinha e a solidão muitas vezes me acolhe
Eu encaro o escuro profundo da minha alma
E não sei bem se ganhei ou se perdi
Olho as coisas mais ou menos
Ás vezes a gente só quer voltar pra casa
Sinto as coisas mais ou menos
Se tenho cacos foi porque me quebrei, mas não só um pouco
Não sei viver essa vida pela metade
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